“Não há sinais de uma retomada mais firme na economia brasileira no ano que vem. Há uma desconfiança de que o PIB não vai sustentar um crescimento acima de 2%, impondo um viés de baixa para as previsões de 2020”, explicou ao Blog o economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa.
Conforme o boletim do BC divulgado nesta segunda-feira (9/9), a mediana das expectativas do PIB para o ano que vem passaram de 2,10% para 2,07%. Para este ano, a previsão foi mantida em 0,87%. “Não há um otimismo exacerbado do mercado com a aprovação da reforma da Previdência e seu impacto imediato na economia. A realidade é que não houve um choque de confiança suficiente para dar um crescimento mais forte na indústria e no consumo”, explicou Rosa.
Não à toa, as estimativas para a inflação oficial, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), foram reduzidas pelo mercado pela quinta vez consecutiva, ficando em 3,54% nesta semana, abaixo do centro da meta do Conselho Monetário Nacional (CMN), de 4,25%. “A demanda interna continua fraca e, por conta disso, os preços não têm forças para subirem”, resumiu Rosa, acrescentando que, diante desse quadro de atividade fraca e custo de vida abaixo da meta, o Banco Central deverá dar continuidade ao ciclo de cortes da taxa básica da economia (Selic). Atualmente, os juros básicos estão em 6% ao ano e a expectativa de Rosa é que a Selic chegue a 5% até o fim do ano.