Franceses voltam às ruas em terceiro dia de greve contra a reforma da Previdência

Já fez o ‘reset’ do trabalho? Dez dicas para reduzir o stress e aumentar o sucesso
8 de fevereiro de 2023
Itaú Unibanco tem lucro líquido de R$ 7,7 bi no 4º trimestre; alta anual de 7,1%
8 de fevereiro de 2023

Franceses voltam às ruas em terceiro dia de greve contra a reforma da Previdência

França vive nesta terça-feira o terceiro dia de protestos convocados pelos sindicatos contra a proposta da reforma da Previdência do presidente Emmanuel Macron, em uma tentativa de aumentar a pressão durante a análise do projeto impopular pelo Parlamento.

Cerca de 757 mil pessoas foram às ruas no país, segundo o Ministério do Interior, e “quase dois milhões” , de acordo com os organizadores. Foi uma mobilização menor que a de 31 de janeiro, com entre 1,27 milhão e 2,8 milhões, no maior protesto contra uma reforma social em três décadas. O número superou a primeira jornada de mobilização, em 19 de janeiro, quando 1,12 milhão saíram às ruas, segundo as autoridades.

Dois em cada três franceses, segundo as pesquisas, são contrários ao aumento da idade de aposentadoria de 62 para 64 anos a partir de 2030 e ao aumento de 42 para 43 anos do tempo de contribuição, a partir de 2027, para se obter o direito a receber a pensão completa, como propõe o governo.

A terceira jornada de greve geral começou nesta terça-feira com o serviço de trens e os transportes públicos de Paris prejudicados, mas com menos intensidade que nas duas paralisações anteriores, particularmente por causa das férias escolares em diversas regiões do país. Pelo menos 20% dos voos cancelados no aeroporto de Orly.

Em Rennes, no Noroeste do país, manifestantes entraram em confronto com a polícia e treze pessoas foram presas, segundo a polícia. Brigas também eclodiram na capital, Paris, segundo as autoridades, onde cerca de 400 mil pessoas se juntaram aos protestos desta terça, de acordo com a CGT.

Uma nova jornada de paralisações está marcada para o dia 14 de fevereiro.

— Estamos diante de um presidente que, por um ego inflado, quer demonstrar que é capaz de aprovar uma reforma independentemente da opinião pública, algo perigoso — advertiu o líder do sindicato CGT, Philippe Martinez, à rádio RTL.

A CGT apontou uma queda de 4.500 MW na produção de energia, o equivalente a mais de quatro reatores nucleares, com as paralisações no setor, assim como uma greve de 75% e 100% nas refinarias da Total Energies (56% segundo a direção da empresa).

A continuidade do apoio e da mobilização é crucial para os sindicatos. O governo anunciou a mobilização de 11.000 policiais e gendarmes. Laurent Berger, líder do sindicato CFDT, fez um apelo ao governo no jornal La Croix e pediu que o Executivo escute os manifestantes: “Qual seria a perspectiva se não respondesse? Precisamos da indignação, da violência e da raiva para sermos ouvidos?”, questiona.

A proposta de reforma é ampla, mas há duas cláusulas principais às quais os manifestantes se opõem: o aumento para 64 anos como idade mínima para a aposentadoria, em comparação aos atuais 62, e a exigência de 43 anos de contribuição para ter direito a uma aposentadoria integral.

Os apelos das ruas, porém, não foram ouvidos no Parlamento até o momento. Na segunda-feira, no primeiro dia de debates no plenário da Assembleia (câmara baixa), 292 deputados votaram contra e 243 a favor de uma moção da esquerda que pedia retirada da reforma.

— É a reforma ou a falência do sistema — afirmou o ministro das Contas Públicas, Gabriel Attal.

Os cofres da Previdência devem registrar déficit de US$ 14,6 bilhões (R$ 78,6 milhões) em 2030, segundo o governo.

Em uma concessão de última hora, a primeira-ministra francesa, Elisabeth Borne, anunciou que as pessoas que começaram a trabalhar entre 20 e 21 anos poderão solicitar a aposentadoria com 63 anos, mas isto não foi suficiente para convencer todos os deputados do Republicanos, partido da oposição de direita, favorável à reforma, mas com algumas mudanças.

O governo optou, no entanto, por um procedimento parlamentar que limita o tempo de debate nas duas câmaras do Parlamento e permite aplicar a reforma caso ambas não se pronunciem até 26 de março. Com a contagem regressiva ativada, o tempo é curto para a oposição. Os sindicatos apostam em aumentar a pressão sobre os deputados com os protestos nas ruas e convocaram um dia de protestos para sábado.

Este é o quinto ciclo de greves contra mudanças na Previdência na França nos últimos 30 anos, e a primeira vez em mais de 12 anos que as oito maiores centrais sindicais francesas aderem juntas a uma greve.

Fonte: O Globo

Os comentários estão encerrados.