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Após privatização, Eletrobras anuncia plano voluntário de demissão em novembro

Empresa poderá vender ativos e quer renegociar passivos judiciais

A Eletrobras planeja anunciar um plano de demissão voluntária (PDV) em novembro deste ano, mirando funcionários aposentados ou em condições de se aposentar, afirmou Wilson Ferreira Júnior, presidente da companhia.

— Temos negociado com o sindicato desde o início do ano um PDV que se aplica aos aposentados e aposentáveis da companhia, que deve sair em novembro. Ele abre espaço para oxigenação, abrindo espaço para pessoas que podem ajudar na transformação da empresa. Vai ampliar o nível de excelência, produtividade e gestão de custo — argumentou.

Nessa fase inicial de transição, após a privatização da companhia, em junho, a Eletrobras busca revistar a estrutura da empresa como um todo. Isso poderá incluir a venda de sua participação em sociedades de propósito específico (SPEs).

Ao todo, a Eletrobras tem participação minoritária em mais de 60 ativos, uma carteira que já foi enxugada de um total de 178.

— Agora, vamos estudar o que será feito. Não somos, a partir de agora, um investidor financeiro. Então, não temos interesse em participações minoritárias. O interesse maior é que sejamos uma companhia que controle ativos, com um padrão de operações e manutenção de excelência e controle esses ativos — afirmou Wilson.

O executivo avalia que em novembro, quando ocorrer a divulgação dos resultados do terceiro trimestre pela Eletrobras, já seja possível apresentar frentes de trabalho sobre recursos e prazos previstos para enfrentar problemas da companhia.

Gestão de ativos com foco em controle

Na gestão de ativos em que detém fatias minoritárias, a Eletrobras poderá adquirir o controle, vender sua parte ou formar joint-ventures, diz ele.

Equacionar a situação da Santo Antonio Energia é tarefa para essa reta final de 2022. A empresa acabou sob o chapéu de Furnas, e consequentemente da Eletrobras, após um aporte de capital para pagar obrigações que resultaram de uma ação arbitral movida pelas construtoras da hidrelétrica em Rondônia.

Santo Antonio tem uma dívida de R$ 20 bilhões, sendo a maior parte dela com o BNDES.

— A companhia não é de Furnas ou da Eletrobras. É que, no processo de capitalização, resolvemos um problema de arbitragem, mas ela continua tendo sócios. Essas discussões estão em curso. Quero crer que até o fim do ano teremos um equacionamento das discussões com o BNDES. Mas não há decisão neste momento — disse o presidente da Eletrobras.

Não há posição definida sobre uma aquisição de controle de Belo Monte, a outra grande hidrelétrica de Rondônia.

— A dívida de Belo Monte é de R$ 27 bilhões. Se damos um passo para adquiri-la, temos de ter um balanço que suporte ter R$ 27 bilhões em dívidas adicionais. Não é uma coisa tranquila. Tem de ser objeto de discussão. Na largada, não conseguimos fazer as duas coisas (Santo Antonio e Belo Monte) ao mesmo tempo. Não significa que não possamos consolidar metade disso, dividir o controle.

Eleições e leilão de térmicas

Ele avalia como improvável uma reversão no processo de privatização da Eletrobras num novo governo, frisando que o processo tem grande importância em atração de capital ao país. Dos mais de R$ 30 milhões levantados na privatização, metade veio de fora do Brasil.

— Acho que interessa mais que a Eletrobras opere de forma positiva para o Brasil. Na hipótese de querer desfazer, o acionista tem como defesa a poison pill (pílula de veneno), que diz quanto vai custar dar um passo para trás: três vezes o valor da ação que acaba de vender na Bolsa. Não tem sentido econômico para um governo que tem um desafio fiscal fabuloso.

Questionado sobre o leilão de Reserva de Capacidade que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) realiza amanhã, para contratação de usinas termelétricas, o presidente da Eletrobras disse apenas concordar que o país necessita de termelétricas.

O trâmite é alvo é questionamento na Justiça em consequência ao aumento de custos acarretará ao sistema elétrico e de emissões de gases de efeito estufa que trará.

Wilson diz que os chamados “jabutis” do processo de privatização não tem a ver com a Eletrobras, necessariamente.

— Eu concordo que precisamos ter, sim, termelétricas. A geração térmica a gás natural é, na impossibilidade de termos armazenamento de água (para reserva de capacidade), uma alternativa de termos segurança no setor elétrico — destaca. — Eu não participei da discussão jurídica, que foi parte de um processo discutido e forma consensual no Congresso.

Fonte: O Globo

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