Gonçalves acredita que para as próximas reuniões o Copom deve monitorar os impactos da alta do dólar nos preços. “A elevação dos prêmios de risco, agravada pelo conturbado cenário político, desfavorece as decisões de investimentos e consumo e mitiga as possibilidades de pressão pelo lado da demanda. O risco maior advém da provável intensificação da volatilidade, por causa das incertezas originadas pelas perspectivas oferecidas pelo cenário eleitoral e pelo ritmo do processo de normalização monetária nos Estados Unidos”, analisou Gonçalves.
Com a alta dos juros dos Estados Unidos, investidores com capital aplicado em países emergentes, como o Brasil, podem preferir aplicar em títulos do Tesouro americano. Este é um dos efeitos que fazem com que o dólar se valorize em relação ao real. A menor oferta de moeda americana no mercado de câmbio nacional eleva o seu preço.
Inflação
Para Gonçalves, a alta do dólar e a greve dos caminhoneiros elevaram pontualmente a inflação. A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acelerou de 0,22% em abril para 0,40% em maio, tendência que deve persistir em junho, na avaliação do economista. Entretanto, ele acrescenta que há “boas chances” de essa alta se dissipar no médio prazo.
Segundo previsão de instituições financeiras, a inflação ainda está abaixo da meta que deve ser perseguida pelo BC. Para o mercado financeiro, o IPCA vai fechar este ano em 3,88%. Para 2019, a estimativa é 4,10%.
Ao definir a taxa Selic, o BC está mirando na meta de inflação, que é de 4,5% neste ano, com limite inferior de 3% e superior de 6%. Para 2019, a meta é 4,25% com intervalo de tolerância entre 2,75% e 5,75%.
A taxa básica de juros é usada nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas de juros da economia.
Ao reduzir os juros básicos, a tendência é diminuir os custos do crédito e incentivar a produção e o consumo. Entretanto, as taxas de juros do crédito não caem na mesma proporção da Selic. Segundo o BC, isso ocorre porque a Selic é apenas uma parte do custo do crédito.
Para cortar a Selic, a autoridade monetária precisa estar segura de que os preços estão sob controle e não correm risco de ultrapassar a meta de inflação.
A manutenção da Selic, como prevê o mercado financeiro, indica que o Copom considera as alterações anteriores suficientes para chegar à meta de inflação, objetivo que deve ser perseguido pelo BC.
Quando o Copom aumenta a Selic, o objetivo é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.